🧱 Torre de Babel: O Dia em que a Torre de Vigia Confundiu a Ciência (E a Bíblia)

🧱 Torre de Babel: O Dia em que a Torre de Vigia Confundiu a Ciência (E a Bíblia)

“Será que todos os idiomas vieram da Torre de Babel?” — essa foi a pergunta feita por uma edição da revista A Sentinela, publicada pela Torre de Vigia em setembro de 2013. E como de costume, a resposta oferecida tenta parecer científica, mas não passa de uma distorção forçada da realidade.

fonte: https://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/2013646

Neste artigo, vamos mostrar como essa publicação:

  • Ignora completamente as descobertas da arqueologia e da linguística moderna,
  • Força uma cronologia bíblica insustentável,
  • Tira cientistas do contexto para apoiar crenças religiosas,
  • E até mesmo contradiz o próprio texto bíblico que afirma defender.

📚 O Que Diz o Artigo?

A Sentinela de 1º de setembro de 2013 tenta defender que a diversidade linguística surgiu repentinamente por causa de um ato sobrenatural de Deus na construção da Torre de Babel, cerca de 4.200 anos atrás. A base disso seria Gênesis 11.

Para reforçar essa ideia, a publicação cita supostas “evidências” da arqueologia e até menciona uma linguista renomada, sugerindo que seus estudos apoiam o mito bíblico. Mas quando examinamos os fatos, a coisa desmorona.


🧨 O Mito Que Vai Ao Chão

A cronologia forçada

O artigo afirma que a Torre de Babel ocorreu há 4.200 anos, nos “dias de Pelegue”. Essa data foi calculada com base em genealogias bíblicas — um método totalmente rejeitado por historiadores sérios.

🔍 Problema: A escrita já existia antes disso. A escrita cuneiforme suméria aparece por volta de 3200 a.C., e já era extremamente desenvolvida. Ou seja, a linguagem já era complexa muito antes da suposta confusão de Babel.


Citação fora de contexto da linguista Lera Boroditsky

A Torre de Vigia cita Boroditsky para dizer que línguas moldam a forma como pensamos, o que é verdade. Mas isso não implica que todas as línguas tenham surgido de um ato mágico e repentino de Deus.

🔍 Problema: A própria autora defende que as línguas evoluem com o tempo, influenciadas por cultura, geografia e necessidades sociais. Nada no trabalho dela sugere que as línguas surgiram do nada num único evento.

fonte: https://www.ted.com/speakers/lera_boroditsky


A confusão sobre complexidade linguística

O artigo tenta convencer o leitor de que o idioma original (falado por Adão!) já era poético e completo, e que os idiomas surgidos em Babel também eram “funcionais e desenvolvidos”.

🔍 Problema: Essa é uma alegação sem qualquer evidência. Não existe vestígio de um “idioma de Adão”. A linguística histórica mostra que as línguas evoluem a partir de formas mais simples para estruturas mais complexas — exatamente o oposto do que o artigo defende.


Uma “cidade global” que nunca existiu

A revista alega que a confusão das línguas interrompeu um projeto de cidade global. Mas as evidências históricas mostram que civilizações já estavam se desenvolvendo independentemente na Mesopotâmia, no Egito, na China e no Vale do Indo muito antes disso.

🔍 Problema: A diversidade linguística não impediu o progresso — ela é consequência natural da evolução cultural, e não de uma punição divina.


📖 Contradição Bíblica Escancarada

Agora vem o golpe final: o capítulo anterior ao mito da Torre de Babel já afirma que os povos falavam línguas diferentes!

Veja Gênesis 10:5 na Tradução do Novo Mundo:

“Desses, vieram os que se espalharam pelas regiões marítimas das nações, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, segundo as suas nações.”

🧨 Ou seja, no capítulo 10, os povos já estavam separados por línguas, mas no capítulo 11, todos falam a mesma língua até Deus confundir tudo. Isso mostra que o mito da Torre de Babel é uma tradição tardia costurada ao texto, que não se encaixa nem com o próprio contexto bíblico.

Essa contradição passa despercebida por muitos leitores — mas os autores da Torre de Vigia, que se dizem “estudiosos das Escrituras”, escolheram convenientemente ignorá-la.


🎭 O Objetivo Real da Torre de Vigia

Por trás da fachada de “harmonizar ciência e fé”, o que a organização faz é moldar as evidências à sua teologia, e não o contrário. Acreditar no mito da Torre de Babel como um evento histórico não é só ingênuo — é desonesto do ponto de vista intelectual quando se rejeita deliberadamente tudo o que a ciência já descobriu sobre a origem da linguagem.

A Torre de Vigia não quer que os seus membros estudem linguística, história ou arqueologia a fundo. Por quê? Porque isso desmonta o castelo de cartas doutrinário que ela construiu com base em interpretações literais de mitos antigos.


🔍 Leia, estude, duvide

Se você já acreditou nesse mito, não se sinta culpado. Ele foi ensinado a você como verdade absoluta, num ambiente onde questionar é visto como rebeldia.

Mas o conhecimento liberta.


📚 Sugestões de leitura:

  • The Power of Babel – John McWhorter
  • Through the Language Glass – Guy Deutscher
  • A História da Linguagem – Steven Roger Fischer
  • The Unfolding of Language – Guy Deutscher
  • BBC Documentary – The Story of Language


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