🧩“O hebraico era a língua falada por Abraão, Isaque e Jacó” Será que foi isso mesmo?

🧩“O hebraico era a língua falada por Abraão, Isaque e Jacó” Será que foi isso mesmo?

O que diz o Estudo Perspicaz das Escrituras: fonte: Estudo Perspicaz das Escrituras

“Sem dúvida, era a língua falada por Abraão, Isaque, Jacó e seus descendentes.”

Por que isso é falso: Abraão, se existiu, teria vivido por volta de 2000 a.C. Segundo o próprio relato bíblico, ele veio de Ur dos caldeus, uma cidade suméria no sul da Mesopotâmia.

Nessa época, as línguas predominantes eram:

  • Sumério (língua de cultura e religião)
  • Acadiano (língua falada, de base semítica)

📌 Fato histórico: O hebraico ainda não existia. Ele só começaria a se desenvolver muito mais tarde, como um dialeto cananeu por volta de 1000 a.C. ou posteriormente. Portanto, dizer que Abraão falava hebraico é um anacronismo sem qualquer base linguística ou arqueológica.


🧩 “Hebraico, evidentemente, deriva de Héber”

O que o Estudo Perspicaz das Escrituras diz:

“O nome Hebraico, evidentemente, deriva de Héber […] Isso faria o Hebraico ser a língua original de Abraão […]”

Por que isso é falso: Essa conexão entre “hebraico” e “Héber” é pura especulação teológica, baseada em genealogias bíblicas inventadas para conectar personagens míticos a narrativas nacionais. Não existe nenhuma evidência linguística ou etimológica que comprove tal relação.

📌 Fato histórico: O termo “hebraico” (ʿibrî) provavelmente tem origem em termos geográficos ou sociais (como “os do outro lado do rio”) e não de uma linhagem genealógica literal.


🧩 “Era a língua falada no início da humanidade”

O que o Estudo Perspicaz das Escrituras sugere: O texto leva o leitor a imaginar que o hebraico seria uma “língua original”, falada desde a criação, ou pelo menos desde o dilúvio, por Noé e seus descendentes.

Por que isso é falso: Esse tipo de alegação reforça a ideia de uma língua adâmica, o que já foi refutado inúmeras vezes por estudos linguísticos, arqueológicos e antropológicos.

📌 Fato histórico: As línguas mais antigas conhecidas (com registros escritos) são:

  • Sumério (escrita cuneiforme, ~3000 a.C.)
  • Egípcio antigo (hieróglifos, ~2800 a.C.)
  • Acadiano (~2500 a.C.) O hebraico aparece muito depois, e os primeiros indícios escritos dessa língua surgem somente no século 10 a.C. (como a inscrição de Gezer(em paleo-hebraico) ou o calendário de Tel Dan).

🧩 “Havia continuidade linguística do hebraico desde os tempos patriarcais”

O que o Estudo Perspicaz das Escrituras insinua: Dá a entender que o hebraico sempre foi a língua do povo de Deus, desde Abraão até o exílio babilônico.

Por que isso é falso: 📌 Fato histórico: O hebraico passou por mudanças, influências e períodos de desaparecimento, especialmente durante o exílio, quando o aramaico passou a ser a língua dominante dos judeus. No tempo de Jesus, o hebraico era quase extinto como língua falada.


🧩 Omissão intencional: Sumérios e Acádios

Apesar de Abraão ser “natural” da Mesopotâmia, o verbete nunca menciona os sumérios ou os acádios amplamente — povos que realmente existiram, deixaram milhares de documentos escritos e moldaram a civilização da qual Abraão teria vindo.

Por que isso é grave: Ao omitir os povos reais do cenário histórico, o Estudo Perspicaz das Escrituras remove o leitor da realidade e o transporta para um universo fictício onde só existia “povo de Deus” e uma suposta “língua original”. Isso deseduca, ilude e manipula.


🚨 Conclusão: Um verbete para apagar a história

O objetivo do verbete “Hebraico” no Estudo Perspicaz não é informar — é doutrinar. Ele mistura meias verdades com mitologia bíblica, ocultando os dados reais da arqueologia, da linguística e da história.

Se o leitor não estiver atento, sairá acreditando que o hebraico foi a língua original da humanidade, falada por Noé, Abraão e seus descendentes — uma fábula religiosa que ignora séculos de pesquisa acadêmica sólida.


🔍 Sugestão de leitura:

  • A History of the Ancient Near East – Marc Van De Mieroop
  • The Bible Unearthed – Israel Finkelstein & Neil Asher Silberman
  • History Begins at Sumer – Samuel Noah Kramer
  • From Linguistic Chaos to Hebrew: The Evolution of the Semitic Languages – John Huehnergard
  • Post JWFactsBrasil: A Origem da Escrita Desmonta o Mito do Gênesis

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