🐾 “Por que os animais morrem?” — Quando a Torre de Vigia tenta explicar o inexplicável

🐾 “Por que os animais morrem?” — Quando a Torre de Vigia tenta explicar o inexplicável

“Pois sabemos que toda a criação geme junta e está em dores até agora.” — Romanos 8:22, Tradução do Novo Mundo

Essa passagem bíblica é usada com frequência pelas Testemunhas de Jeová para justificar o sofrimento não apenas humano, mas também animal. Segundo a doutrina oficial da Torre de Vigia, os animais morrem porque o pecado de Adão afetou “toda a criação”. Mas essa explicação levanta uma série de problemas éticos, teológicos e científicos. Neste artigo, vamos examinar a fundo essa doutrina e mostrar como ela entra em conflito direto com as evidências da natureza e da história da vida na Terra.


🏛️ A doutrina: “Animais morrem por causa do pecado humano”

A Torre de Vigia ensina que os animais não foram criados para morrer. A morte animal só teria começado após a desobediência de Adão, como consequência do pecado que trouxe corrupção para toda a criação.

Segundo a revista Despertai! de 22 de março de 2009 (p. 4):

“A morte entrou no mundo por causa do pecado de Adão. […] Como resultado, toda a criação — incluindo os animais — passou a sofrer.”

Isso significa que, na visão da Torre, antes do pecado, não havia predadores, nem morte, nem sofrimento animal. Um mundo onde o leão comia capim e o tigre fazia carinho nas ovelhas. Um cenário que, francamente, nunca existiu.


❓Onde está essa ideia na Bíblia?

A base usada é Gênesis 1:30, onde Deus dá vegetais como alimento a todos os animais:

“E a todos os animais selvagens da terra, a todas as criaturas voadoras dos céus e a tudo o que se move na terra, em que há vida, dou toda vegetação verde como alimento.” — TNM

A Torre interpreta isso como prova de que os animais eram originalmente herbívoros. Mas o texto não diz que os animais eram imortais ou que jamais matariam para comer. A doutrina da imortalidade animal é uma inferência teológica, não uma declaração bíblica.

Além disso, não há nenhum verso que diga: “Os animais passaram a morrer por causa do pecado de Adão.” Essa ideia é uma tentativa de harmonizar um mito antigo com o mundo real, mas ela entra em choque direto com o que a ciência descobriu sobre a vida na Terra.


🧬 A ciência desmente o paraíso animal

1. Fósseis de predadores muito antes dos humanos

O registro fóssil mostra predadores, parasitas, doenças e mortes milhões de anos antes do surgimento dos primeiros humanos. Existem fósseis de:

  • Dinossauros com marcas de mordidas
  • Peixes fossilizados com outros peixes na boca
  • Animais com câncer, artrite, tumores
  • Insetos fossilizados com ovos de parasitas

Isso demonstra que o sofrimento animal sempre fez parte do mundo natural. A ideia de um Éden sem morte animal não tem qualquer apoio nas evidências geológicas.

2. A morte como ferramenta da evolução

A seleção natural — o motor da evolução — depende da morte. Os indivíduos menos adaptados morrem e deixam de se reproduzir. Isso permite que características vantajosas se perpetuem. Ou seja: sem morte, não há evolução.

A crença da Torre de que os animais foram criados já perfeitos ignora completamente esse mecanismo, e pior: desconsidera o fato de que a morte animal é essencial para o equilíbrio ecológico.


⚖️ Um deus amoroso que pune os inocentes?

Outro problema sério da doutrina da Torre é ético: por que um Deus justo e amoroso puniria os animais — que não pecaram — com dor, sofrimento e morte?

Se os animais não são moralmente responsáveis, como pode a morte deles ser consequência do pecado humano? Isso tornaria Deus um juiz arbitrário, que condena seres inocentes por um crime que não cometeram.

Essa doutrina lembra o sistema jurídico de um tirano: “Adão pecou, então o mundo inteiro sofre, inclusive os animais que nada têm a ver com isso.”


🔄 A contradição com outras doutrinas da Torre

A Torre de Vigia afirma que os animais não têm alma, não têm esperança de ressurreição, e não prestam contas a Deus. Se tudo isso for verdade, então não faz sentido que sofram como consequência de uma lei moral.

Ou os animais são parte da criação livre de responsabilidade moral — e, portanto, não deveriam ser afetados pelo pecado — ou eles são seres morais com alma e juízo. A doutrina tenta manter os dois lados e falha em ambos.


🗿 A cronologia fantasiosa da Torre

Para sustentar essa teologia, a Torre precisa negar toda a geologia moderna:

  • Eles afirmam que a Terra tem cerca de 6.000 anos de história humana, e a morte só começou após Adão.
  • Para explicar os fósseis de animais extintos, eles alegam que tudo foi soterrado no Dilúvio de Noé.
  • Ignoram o fato de que fósseis são organizados por camadas cronológicas, com milhões de anos de separação.

Essa negação da ciência é uma forma de manter o mito do Éden literal — um preço alto a pagar por uma doutrina sem base.

🧨 Conclusão: quando a doutrina precisa negar a realidade

A tentativa da Torre de Vigia de explicar a morte animal com base no pecado humano falha tanto moralmente quanto cientificamente. Ela exige que ignoremos as evidências da natureza, que aceitemos um Deus injusto e que nos apeguemos a uma cronologia bíblica incompatível com qualquer dado arqueológico, paleontológico ou genético.

A morte animal não é um erro cósmico — é parte da história da vida, da seleção natural e do equilíbrio do planeta. A verdadeira questão é: por que insistir em uma explicação que precisa distorcer tanto a realidade para parecer plausível?

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