📜 A Destruição de Jerusalém em 607 a.C.? — A Data Fantasma Criada pela Torre de Vigia

📜 A Destruição de Jerusalém em 607 a.C.? — A Data Fantasma Criada pela Torre de Vigia

Um ano fantasma criado do zero

“Milagres Forjados?” – Parte 4
Quando uma data inventada vira doutrina mundial


📅 Introdução: A data que sustenta todo um império religioso

Para as Testemunhas de Jeová, o ano de 607 a.C. é mais do que uma data histórica — é a base de toda a sua cronologia profética, incluindo a doutrina de que Jesus começou a reinar no céu em 1914. Segundo a Torre de Vigia, esse foi o ano em que Jerusalém foi destruída pelos babilônios, marcando o início de 2.520 anos simbólicos que terminariam em… 1914.

“Os ‘tempos dos gentios’ começaram em 607 AEC com a destruição de Jerusalém, e terminaram em 1914 EC.”
Raciocínios à Base das Escrituras, p. 94 (edição de 1989)

Mas… e se esse ano estiver errado?


📖 O que a Torre ensina sobre 607 a.C.

De acordo com a cronologia oficial da Torre de Vigia:

  • Jerusalém foi destruída em 607 a.C.
  • Isso iniciou um período de “70 anos de desolação”
  • Contando 2.520 anos proféticos a partir dali, chega-se a 1914
  • Nesse ano, Jesus começou a reinar invisivelmente
  • E o “tempo do fim” começou, com a escolha da organização em 1919

Se 607 estiver errado, todo esse castelo doutrinário desmorona.


O que diz a História? Spoiler: não foi em 607

A destruição de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor é um evento bem documentado fora da Bíblia, com evidências de:

  • Registros babilônicos (Crônicas de Nabucodonosor)
  • Textos cuneiformes encontrados em Babilônia
  • Datas sincronizadas com outros reinos, como Egito e Média
  • Arqueologia em Jerusalém confirmando o saque em 586/587 a.C.

🧾 Consenso acadêmico atual:
A destruição final de Jerusalém ocorreu em 586 ou 587 a.C., não em 607.


🧩 De onde a Torre tirou 607 então?

A Torre faz um malabarismo envolvendo os “70 anos” de Jeremias. Veja:

“Toda esta terra se tornará um lugar devastado e um objeto de pasmo, e essas nações terão de servir ao rei de Babilônia por setenta anos.”
Jeremias 25:11, TNM

Eles interpretam que:

  • Os “70 anos” começaram com a destruição de Jerusalém
  • Duraram até o retorno dos judeus em 537 a.C.
  • Então, fazem 537 + 70 = 607 a.C.

Mas aqui está o truque:
O número 607 foi assumido antes, e o restante da cronologia foi ajustado em torno disso.


🪓 Onde está o erro?

O erro está em confundir o cativeiro babilônico com a destruição de Jerusalém. O texto de Jeremias fala em submissão às potências estrangeiras, não em desolação literal e total por 70 anos.

Além disso:

  • O próprio livro de 2 Reis mostra que houve três deportações (597, 587 e outras)
  • Daniel foi levado em 605 a.C., antes da destruição final — logo, os “70 anos” podem ter começado ali
  • Esdras 1:1 mostra que o retorno ocorreu no primeiro ano de Ciro (538 ou 537 a.C.), mas não diz que a desolação começou em 607

📉 A Torre ignora ou contorce tudo isso para manter sua cronologia.


❌ Refutando as desculpas da Torre

As Testemunhas de Jeová tentam defender o 607 com os seguintes argumentos — vamos desmontar um a um:

1. “A cronologia secular é incerta”

Fato: As datas são extremamente bem documentadas. A ascensão de Nabucodonosor em 605 a.C. e a destruição de Jerusalém em 587 são confirmadas por diários astronômicos babilônicos e sincronia com outros reinos.

2. “A Bíblia é mais confiável que a história secular”

Fato: Não é a Bíblia que diz 607 — é a interpretação seletiva da Torre que gera esse número. A Bíblia não fornece data exata para a destruição de Jerusalém.

3. “Os 70 anos devem ser literais e completos”

Fato: O número 70 era muitas vezes simbólico no contexto hebraico, representando plenitude ou ciclo completo — não necessariamente 70 anos exatos. Além disso, o domínio babilônico durou aproximadamente isso, mesmo que a cidade tenha sido destruída em 587.


🎯 Conclusão: o “ano fantasma” que sustenta 1914

O ano de 607 a.C. não tem apoio de nenhuma fonte histórica confiável, nem mesmo do texto bíblico sem interpretações forçadas.

Ele foi criado artificialmente para que, 2.520 anos depois, a data de 1914 caísse perfeitamente no colo da cronologia da Torre. É uma engenharia doutrinária, não um fato histórico.

🧱 E se 607 é um erro, 1914 também é. E se 1914 é um erro… Jesus não começou a reinar naquele ano, e a organização não foi escolhida em 1919.

📉 Tudo desmorona.


📚 Leitura complementar sugerida:

Fonte: https://www.jw.org/pt/biblioteca/revistas/wp20111001/Quando-a-Jerusal%C3%A9m-antiga-foi-destru%C3%ADda-Parte-um/


🔎 O Que Diz o Artigo?

O artigo da Sentinela defende que Jerusalém foi destruída pelos babilônios em 607 a.C., e que essa desolação durou exatos 70 anos, até o retorno dos judeus do exílio em 537 a.C..

A base disso? Uma leitura literal da profecia de Jeremias sobre os “70 anos” de desolação. Com esse ponto fixo, retrocedem até 607 — uma data que nenhum arqueólogo, historiador ou astrônomo do planeta endossa.


🧱 A Realidade: A Data Correta é 586/587 a.C.

Todos os estudiosos sérios — incluindo historiadores judeus e cristãos — aceitam que Jerusalém foi destruída em 586 ou 587 a.C., e não em 607.

📜 Por que sabemos disso?

  • Tábua VAT 4956: um registro astronômico babilônico que sincroniza com o reinado de Nabucodonosor II e confirma 586/587 a.C.
  • Beroso, Ptolomeu e outros cronistas antigos datam a destruição após o 18.º ano de Nabucodonosor (por volta de 587).
  • Sincronismos egípcios e assírios batem com a cronologia tradicional.
  • Evidências arqueológicas em Jerusalém apontam para uma destruição em camadas do final do século VII/início do VI a.C.

Nenhuma dessas fontes reconhece 607 a.C. como uma data válida. Nenhuma.


📖 A Profecia dos 70 Anos: Uso ou Abuso?

A Torre de Vigia cita Jeremias 25:11–12 e afirma que Jerusalém ficou desolada literalmente por 70 anos. Mas essa é uma leitura forçada e anacrônica.

Alternativa mais coerente:

  • Os 70 anos referem-se ao domínio da Babilônia sobre as nações (inclusive Judá), não necessariamente à desolação total da cidade.
  • Zacarias 1:12 e 7:5 sugerem que os 70 anos podem ser simbólicos ou começar antes da destruição de Jerusalém.
  • 2 Crônicas 36:21 relaciona os “sábados” da terra com os 70 anos, apontando para um conceito mais teológico que cronológico.

📅 A Data do Retorno é Incerta — e 537 a.C. é Arbitrário

O argumento depende de que os judeus voltaram do exílio em 537 a.C., mas isso não é uma data confirmada historicamente.

  • A queda da Babilônia ocorreu em 539 a.C.
  • O decreto de Ciro e o retorno podem ter acontecido em 538 ou até mais tarde.
  • A Bíblia não fornece uma data exata de chegada dos exilados a Jerusalém.

Logo, usar 537 a.C. como marco fixo é arbitrário e tendencioso, feito apenas para ajustar o calendário doutrinário da Torre de Vigia.


📉 Por Que a Torre de Vigia Insiste em 607?

A doutrina mais central da organização — a de que Jesus começou a reinar em 1914depende de que a destruição de Jerusalém tenha ocorrido em 607 a.C..

O raciocínio deles é este:

607 a.C. + 2.520 “anos proféticos” = 1914 d.C.

Se 607 for falso (e é), todo o edifício de 1914 desmorona.

É por isso que a liderança ignora a arqueologia, reinterpreta a Bíblia e isola sua cronologia do consenso acadêmico. É uma data criada do zero para sustentar um dogma inventado.


❌ Conclusão: 607 a.C. é um Ano Fantasma

A data de 607 a.C. é um milagre forjado — não pela Bíblia, nem por Deus, mas por uma organização religiosa que depende dessa ficção para justificar seu poder.

Enquanto a história, a arqueologia e a astronomia gritam 586/587 a.C., a Torre de Vigia insiste em tapar os ouvidos e apontar para um número mágico: 607.


📚 Leitura Recomendada

  • “Os Tempos dos Gentios Reconsiderados” — Carl Olof Jonsson
    Um ex-ancião das Testemunhas que desmonta, com base bíblica e histórica, a data de 607 e a doutrina de 1914.
  • VAT 4956: A Tábua Que Derruba 607
    Mentes Bereanas – Análise da cronologia bíblica

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