Refutando a Visão das Testemunhas de Jeová Sobre os Serafins

A interpretação das Testemunhas de Jeová (TJs) sobre os serafins contém diversos erros históricos, arqueológicos e linguísticos. Neste post, faremos uma análise crítica dessas afirmações e demonstraremos como essa visão é desonesta e forçada para se encaixar em sua teologia moderna.
Fonte: https://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1200003905?q=serafim&p=par
1. A Origem do Termo “Serafim”
Afirmação das TJs:
“A palavra hebraica sera·fím é um substantivo no plural, derivado do verbo sa·ráf, que significa ‘queimar’.”
O Problema:
Embora seja verdade que saraf (שָׂרַף) signifique “queimar”, essa explicação é incompleta. No hebraico bíblico, a palavra também se refere a serpentes venenosas (nechashim serafim – נְחָשִׁים שְׂרָפִים), mencionadas em Números 21:6, 8 e Deuteronômio 8:15. Isaías usa saraf em outros contextos (Is 14:29; 30:6) para se referir explicitamente a serpentes aladas.
Evidências Arqueológicas:
Achados em Lachish, Arad e Timna mostram imagens de serpentes aladas, reforçando a ligação entre os serafins e essas criaturas mitológicas. As TJs omitem essa conexão para forçar a idéia de que os serafins eram apenas “anjos ardentes”, ignorando a influência das crenças do Primeiro Templo.
2. Serafins como “Anjos”
Afirmação das TJs:
“Os serafins observados na visão de Isaías são anjos, evidentemente de posição bem elevada no arranjo de Deus.”
O Problema:
Isaías nunca chama os serafins de “anjos” (malachim, מַלְאָכִים). O conceito de anjos como uma hierarquia celestial só se desenvolveu no judaísmo do Segundo Templo (após o exílio babilônico), influenciado por crenças persas e helenísticas. No tempo de Isaías, os mensageiros divinos (malachim) não eram vistos como uma casta celestial hierárquica.
Origens Culturais:
Os serafins de Isaías parecem estar ligados à tradição dos querubins babilônicos e assírios, frequentemente representados como seres alados protetores. Essa idéia foi posteriormente reinterpretada para se alinhar com a teologia cristã, o que influenciou a doutrina das TJs.
3. Função dos Serafins
Afirmação das TJs:
“O clamor dos serafins a respeito da santidade de Deus mostra que eles têm algo a ver com cuidar de que se declare a santidade dele e que Sua glória seja reconhecida em todas as partes do Universo.”
O Problema:
Isaías 6:3 registra o clamor “Santo, santo, santo é Jeová dos exércitos”, mas isso é um recurso literário hebraico para enfatizar a santidade de YHWH. O texto não sugere que os serafins tenham a função de proclamar a santidade divina como um dever fixo.
Comparação com Outros Seres Celestiais:
Querubins na Arca da Aliança (Êxodo 25:18-22) e outros seres celestiais em visões proféticas aparecem na presença de Deus, mas sem necessariamente proclamar sua santidade. A interpretação das TJs é uma tentativa de encaixar os serafins em sua estrutura teológica moderna.
4. Relação com o Sacrifício de Cristo
Afirmação das TJs:
“A obra deles de algum modo se relaciona com a eliminação do pecado dentre o povo de Deus, baseando-se esta purificação no sacrifício de Jesus Cristo sobre o altar de Deus.”
O Problema:
Isaías não menciona Jesus Cristo nem sugere uma relação com um sacrifício messiânico. A brasa viva no texto representa purificação ritual dentro do contexto do templo, algo comum na tradição sacerdotal israelita (Levítico 16:12), e não um sacrifício humano futuro.
Conclusão:
A leitura cristológica das TJs é uma forçação teológica sem base textual.
5. Os Serafins Eram Apenas Simbólicos?
Afirmação das TJs:
“A descrição dos serafins como tendo pés, asas, e assim por diante, deve ser entendida como simbólica.”
O Problema:
Essa afirmação ignora que representações de serpentes aladas eram comuns no Oriente Médio Antigo.
Evidências Iconográficas:
Selos e amuletos israelitas (VIII-VI a.C.) mostram serpentes com asas, sugerindo que os serafins podem ter sido baseados nessa tradição iconográfica. Além disso, culturas egípcia e mesopotâmica possuíam criaturas híbridas aladas como guardiões divinos. A tentativa das TJs de fazer dos serafins “anjos puros” é uma negação das evidências arqueológicas.
Conclusão
As Testemunhas de Jeová distorcem o conceito dos serafins para se alinhar com sua teologia moderna, ignorando as evidências históricas, arqueológicas e linguísticas. Os serafins têm uma origem mais próxima das serpentes aladas da mitologia do Oriente Médio do que de “anjos ardentes”, como as TJs tentam afirmar.
leia mais: Serafins na Bíblia Hebraica