O Selo de Jucal e a Manipulação da Evidência pelas Testemunhas de Jeová

O Selo de Jucal e a Manipulação da Evidência pelas Testemunhas de Jeová

As Testemunhas de Jeová frequentemente utilizam achados arqueológicos para reforçar a ideia de que a Bíblia é historicamente confiável em todos os seus detalhes. Um exemplo disso é o uso do selo de Jucal, um artefato descoberto em Jerusalém em 2005, que, segundo elas, confirma a veracidade do livro de Jeremias. Mas até que ponto essa afirmação é honesta? Vamos analisar o discurso.

fonte: https://www.jw.org/pt/biblioteca/revistas/w20060915/Selo-pertencente-a-Jucal/

1. Criando uma Conexão Artificial Entre um Nome e um Evento

O texto da Torre de Vigia afirma:

“Os arqueólogos conseguiram identificar um objeto encontrado: o selo de argila de cerca de um centímetro de largura. A impressão diz: ‘Pertencente a Yehuchal, filho de Shelemiyahu, filho de Shovi’. Essa impressão evidentemente foi feita com o selo do oponente de Jeremias, Jeucal, ou Jucal, filho de Selemias.”

Aqui, há uma manipulação sutil. O selo apenas confirma que um homem chamado Yehuchal (ou Jeucal) existiu, mas não prova que ele desempenhou o papel descrito na narrativa bíblica. A simples presença de um nome semelhante é apresentada como evidência definitiva de que toda a história relatada em Jeremias ocorreu exatamente como descrito. Essa abordagem ignora o fato de que selos semelhantes já foram encontrados e que nomes comuns eram utilizados por muitas pessoas.

2. Proclamando a Profecia Como Confirmada

A organização das Testemunhas de Jeová escreve:

“A fé na Palavra de Deus não depende da descoberta de algum artefato. No entanto, o cumprimento de profecias inspiradas é uma base sólida para crer na Bíblia. Os fatos históricos mostram que Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor, mas as Testemunhas de Jeová afirmam erroneamente que isso ocorreu em 607 AEC, ao contrário da datação arqueológica aceita de 587/586 AEC, o que enfraquece o argumento de precisão histórica.”

Aqui há outra falácia. O fato de Jerusalém ter sido destruída por Nabucodonosor em 587/586 AEC não significa que Jeremias fez uma profecia milagrosa. A cidade já estava sob ameaça, e prever sua destruição era algo plausível com base nas condições políticas da época. Isso seria equivalente a prever que um país envolvido em um conflito militar está prestes a ser invadido. Não se trata de profecia divina, mas de análise racional da situação.

3. Criando a Ilusão de uma Confirmação Total da Bíblia

A conclusão do artigo da Torre de Vigia induz o leitor a pensar:

“O desonroso fim dos oponentes de Jeremias deve fortalecer a nossa convicção de que, se formos fiéis como Jeremias, os nossos inimigos ‘não prevalecerão contra nós, pois Jeová está conosco’.”

O truque aqui é sutil, mas poderoso. Primeiro, eles vinculam um pequeno artefato arqueológico à veracidade total de Jeremias. Depois, eles sugerem que isso deve reforçar a confiança na Bíblia inteira. Esse raciocínio é falacioso. Encontrar o nome de um oficial não valida automaticamente toda a narrativa bíblica, assim como encontrar um documento de um antigo faraó não provaria que ele realmente conversou com os deuses egípcios.

Conclusão: Um Jogo de Persuasão

O uso que as Testemunhas de Jeová fazem da arqueologia segue um padrão claro: qualquer achado que pareça confirmar um detalhe bíblico é tratado como prova da inspiração divina das Escrituras, enquanto evidências que contradizem o relato bíblico são ignoradas ou atacadas. O selo de Jucal é um excelente exemplo disso.

A realidade é que a arqueologia pode confirmar a existência de certos personagens e eventos, mas isso não prova a veracidade de todas as histórias nas quais eles aparecem. Apresentar o achado de um selo como “prova” de que Jeremias fez profecias divinas é um uso desonesto da evidência, projetado para reforçar a crença de que tudo o que está na Bíblia é verdadeiro.

A próxima vez que você se deparar com uma “descoberta arqueológica” promovida por uma religião, vale a pena perguntar: estão realmente apresentando os fatos, ou apenas contando a parte da história que reforça sua narrativa?

Referencia: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2018/02/assinatura-profeta-biblico-isaias-arqueologia-existencia-isaias-referencias-da-biblia

Observe que o disco solar alado é o mesmo usado no selo de Jucal.

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