Por que a ideia de uma Terra jovem das Testemunhas de Jeová não se sustenta?

As Testemunhas de Jeová não seguem uma interpretação literalista da Terra jovem como fazem muitos criacionistas fundamentalistas, mas suas publicações defendem uma idade limitada para a vida na Terra. Segundo a organização, a Terra pode ser antiga, mas a vida teria sido criada em seis “dias” de duração indefinida, e a humanidade teria cerca de 6 mil anos. Essa ideia, no entanto, não se sustenta diante das evidências científicas.
O que dizem as publicações das Testemunhas de Jeová?
- “A Vida – Teve um Criador?” (1998): Essa brochura sugere que a ciência não pode provar que a vida existe há milhões de anos e enfatiza que a criação ocorreu por meio de “dias” que podem ter durado milhares de anos, mas não milhões.
- “Há um Criador que se importa com você?” (1998): A publicação admite que a Terra pode ter bilhões de anos, mas sugere que a vida foi criada em um período relativamente curto.
- “A Sentinela” (1 de outubro de 2010, p. 4-7): Defende que a idade da Terra pode ser grande, mas que a vida não evoluiu ao longo de milhões de anos, e sim foi criada diretamente.
Porque está visão não se sustenta
1. Fósseis e registros geológicos
Os registros fósseis mostram uma história da vida que se estende por bilhões de anos. Os primeiros sinais de vida datam de aproximadamente 3,5 bilhões de anos, enquanto os primeiros animais complexos surgiram há cerca de 600 milhões de anos. Se a vida tivesse apenas milhares de anos, como sugerem as Testemunhas de Jeová, não encontraríamos fósseis distribuídos em camadas geológicas que datam de milhões a bilhões de anos atrás.
2. Evidências genéticas
O estudo do DNA confirma que todas as formas de vida têm ancestrais comuns e que a diversidade biológica se desenvolveu por meio de um processo gradual ao longo de milhões de anos. A proposta das Testemunhas de Jeová, de que os seres vivos foram criados separadamente e recentemente, não encontra apoio na genética moderna.
3. Datação radiométrica
Métodos de datação radiométrica, como carbono-14 (para materiais mais recentes) e urânio-chumbo (para rochas mais antigas), mostram idades muito superiores a apenas alguns milhares de anos. Rochas e fósseis datam de milhões e bilhões de anos, o que contradiz a ideia de uma criação recente da vida.
4. Registro histórico e arqueológico
Se a humanidade tivesse apenas 6 mil anos, não encontraríamos evidências arqueológicas mais antigas do que isso. No entanto, há registros de civilizações humanas, como os sumerianos, com mais de 7 mil anos de história documentada. Além disso, artefatos humanos datados de mais de 40 mil anos contradizem a cronologia sugerida pelas Testemunhas de Jeová.
5. Contradições dentro da própria doutrina
Embora rejeitem a Terra jovem, as Testemunhas de Jeová tentam conciliar a ciência com uma visão criacionista ao afirmar que os “dias” da criação eram períodos indefinidos. No entanto, ao insistirem que a vida surgiu em um tempo relativamente curto, ainda entram em conflito com a ciência moderna.
Conclusão
A ideia de que a vida na Terra tem apenas alguns milhares de anos, conforme defendida nas publicações das Testemunhas de Jeová, não se sustenta diante das evidências científicas. O registro fóssil, a genética, a datação radiométrica e a arqueologia demonstram uma história muito mais antiga para a vida e a humanidade. A tentativa de harmonizar a ciência com interpretações bíblicas resulta em um modelo que ignora ou distorce as evidências empíricas. Portanto, a visão das Testemunhas de Jeová sobre a criação continua sendo um conceito teológico sem base científica.