Escravo Fiel: Revelações Divinas ou Interpretações Humanas?

O “Escravo Fiel e Prudente” das Testemunhas de Jeová: Revelação Divina ou Construção Humana?
As Testemunhas de Jeová acreditam que a sua organização é dirigida por um grupo chamado “Escravo Fiel e Prudente”, conforme interpretado a partir de Mateus 24:45. Esse grupo, atualmente identificado com o Corpo Governante, seria o canal exclusivo de Deus para fornecer verdades espirituais aos fiéis. No entanto, uma análise das mudanças doutrinárias da própria organização revela que essa doutrina não passa de interpretações humanas sujeitas a constantes revisões, o que coloca em dúvida sua suposta origem divina.
O “Escravo Fiel” Mudou Várias Vezes de Identidade
A identidade do “escravo fiel” variou ao longo do tempo, conforme as publicações das Testemunhas de Jeová mostram:
- 1881: Qualquer membro do “corpo de Cristo”, ou seja, qualquer cristão ungido (A Sentinela, novembro de 1881, p. 291).
- 1920: Identificado como Charles Taze Russell (A Sentinela, 1/4/1920, pp. 99-104).
- 1930: Agora seria o “restante” dos ungidos, e A Sentinela seria o canal de Deus (A Sentinela, 1/8/1930).
- 1932-2012: O “escravo fiel” passou a ser todos os ungidos como uma “classe”, mas o Corpo Governante passou a representar essa classe.
- 2013: Foi ensinado que o “escravo fiel” surgiu em 1919, quando Jesus teria escolhido Rutherford e outros Estudantes da Bíblia que lideravam a organização (A Sentinela, 15/7/2013, p. 23).
Se a doutrina fosse uma “nova luz” progressiva e divinamente revelada, como se explica o fato de um ensino voltar ao que já havia sido descartado? Isso indica que as mudanças são fruto de revisões humanas e não de uma orientação divina progressiva.
Contradições na Doutrina de “Esta Geração”
Outro exemplo da natureza mutável das interpretações da organização é o conceito de “esta geração” em Mateus 24:34. Essa expressão foi reinterpretada várias vezes:
- 1897: Eram as pessoas vivas no fim do mundo (Estudos das Escrituras, Volume 4, pp. 602-603).
- 1927: Eram os ungidos (A Sentinela, 15/2/1927, p. 62).
- 1951: Eram aqueles nascidos antes ou durante 1914 (A Sentinela, 1/7/1951, p. 404).
- 1968: Eram os que tinham idade suficiente para entender os eventos de 1914 (Despertai!, 8/10/1968, p. 13).
- 1984: Incluíram-se os bebês nascidos em 1914 (A Sentinela, 15/11/1984, p. 5).
- 1995: A referência a 1914 foi abandonada, agora a “geração” são “pessoas que veem o sinal, mas não se corrigem” (A Sentinela, 1/11/1995, p. 19).
- 2008: Retornou-se ao conceito de que a “geração” são os ungidos (A Sentinela, 15/2/2008, p. 24).
- 2010: Criou-se o conceito de “duas gerações sobrepostas” dos ungidos (A Sentinela, 15/4/2010, p. 10).
Isso mostra que a doutrina é reconfigurada repetidamente para se adequar às expectativas da organização, mas não reflete uma verdade estável e divina.
A Contradição Sobre a Ressurreição de Sodoma e Gomorra
Outro exemplo de inconsistência nas doutrinas das Testemunhas de Jeová é a questão da ressurreição dos habitantes de Sodoma e Gomorra:
- Serão ressuscitados: A Sentinela, julho de 1879, p. 8.
- Não serão ressuscitados: A Sentinela, 1/6/1952, p. 338.
- Serão ressuscitados: A Sentinela, 1/8/1965, p. 479.
- Não serão ressuscitados: A Sentinela, 1/6/1988, p. 31.
- Serão ressuscitados: Livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (edição de 1982).
- Não serão ressuscitados: Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (edição de 1989).
Essa alternância sugere que o Corpo Governante não possui uma direção divina clara, mas sim um “piscapisca” de interpretações humanas, que mudam conforme as necessidades da organização.
Conclusão: O “Escravo Fiel” é Uma Invenção Humana
A história das mudanças doutrinárias das Testemunhas de Jeová revela um padrão de revisões humanas que contradizem a ideia de uma “nova luz” divina. Um Deus verdadeiro e onisciente não precisaria corrigir suas próprias revelações repetidas vezes.
O Corpo Governante se apresenta como o “canal de Deus”, mas na prática, suas mudanças mostram que suas interpretações não são confiáveis. O “escravo fiel” não é um grupo escolhido por Deus, mas uma construção humana para manter o controle doutrinário sobre seus seguidores.
Diante dessas evidências, a pergunta é inevitável: se as Testemunhas de Jeová ensinam que “a verdade não muda”, como podem justificar tantas mudanças ao longo dos anos?