Entendendo 1914
1914: Como as Testemunhas de Jeová Interpretaram a Profecia sobre o Fim dos Tempos
O ano de 1914 é um marco central na teologia das Testemunhas de Jeová, sendo considerado o ano que marca o início do “reino de Deus” e o “fim dos tempos”. Mas como essa data foi estabelecida e qual é a base bíblica que sustenta essa crença? Neste post, vamos explorar as origens dessa interpretação e os desafios enfrentados por ela ao longo dos anos.
A Interpretação de Daniel 4 e os “Sete Tempos”
As Testemunhas de Jeová interpretam a profecia de Daniel 4 como uma chave para entender os eventos de 1914. Em Daniel 4, o rei Nabucodonosor tem um sonho que é interpretado por Daniel, no qual se menciona “sete tempos”. A organização das Testemunhas de Jeová aplica essa profecia a um período de 2.520 anos, que eles acreditam ser um período de julgamento para as nações.
Publicação de apoio:
- A Bíblia e Sua Grande Obra (1930): Explica que os “sete tempos” representam 2.520 anos, um princípio de interpretação que a organização usa para justificar a data de 1914.
A Data de 607 a.C.: Uma Data Controversial
Para calcular a data de 1914, as Testemunhas de Jeová começam com a data de 607 a.C. para a queda de Jerusalém. Essa data, no entanto, é amplamente contestada por estudiosos e arqueólogos, que colocam a destruição de Jerusalém entre 586 e 587 a.C. Em vez disso, as Testemunhas de Jeová defendem 607 a.C. com base em cálculos cronológicos que ligam a queda de Jerusalém ao início do exílio babilônico de Judá.
Publicação de apoio:
- O Que Ensina a Bíblia Realmente? (2005): Reforça a ideia de que a destruição de Jerusalém ocorreu em 607 a.C., uma data que a organização considera fundamental para os cálculos de 1914.
A Expectativa do Fim do Mundo: Decepção e Ajustes
As Testemunhas de Jeová inicialmente associaram 1914 ao fim do mundo e ao estabelecimento visível do Reino de Deus. No entanto, quando o esperado “fim dos tempos” não ocorreu, a interpretação foi ajustada. A organização passou a ensinar que, em vez de ser o fim imediato, 1914 marcou o “início do fim”, com a chegada do “reino de Deus” de maneira invisível. Isso significaria que, embora não houvesse destruição visível, o governo de Cristo no céu havia começado e que o fim do mundo ainda estava por vir, culminando na batalha do Armagedom.
Publicação de apoio:
- A Destruição de Babilônia, a Grande (1963): Esta publicação introduziu a ideia de que, embora 1914 não tenha sido o fim imediato, iniciou o “governo invisível de Cristo”, que levaria à destruição de “Babilônia, a Grande” e ao estabelecimento definitivo do Reino de Deus.
Mudança na Interpretação: O Reino de Deus Iniciado em 1914
Com o passar dos anos, as Testemunhas de Jeová ajustaram suas previsões, afirmando que, embora o fim do mundo não tenha ocorrido em 1914, o “Reino de Deus” começou de maneira invisível naquele ano. Isso significaria que Cristo começou a governar no céu, e o mundo, embora ainda não tenha sido destruído, entrou em um período de julgamento.
Publicação de apoio:
- O Reino de Deus (2003): Esta publicação explica como as Testemunhas de Jeová entenderam que o “Reino de Deus” começou em 1914, embora não de maneira visível para os humanos.
Conclusão: A Profecia de 1914 e Seus Ajustes
O ano de 1914 continua sendo uma pedra angular na teologia das Testemunhas de Jeová, mas a interpretação dessa data evoluiu ao longo do tempo. O que inicialmente foi entendido como a vinda visível do Reino de Deus foi ajustado para uma expectativa mais flexível de que o “reino invisível” de Cristo começou nesse ano, mas o fim do mundo ainda está por vir.
Esses ajustes levantam questões sobre como as profecias podem ser reinterpretadas à medida que o tempo passa e os eventos não se desenrolam como esperado. Embora a organização tenha mudado suas explicações, 1914 continua sendo um marco fundamental para as Testemunhas de Jeová, e sua teologia ainda gira em torno da ideia de que estamos vivendo nos “últimos dias” antes do Armagedom.
Esse é um exemplo de como as Testemunhas de Jeová abordam e interpretam a data de 1914. As publicações que citei são representativas das explicações dadas ao longo do tempo pela organização, refletindo como suas interpretações da Bíblia e das profecias podem ser ajustadas com o passar dos anos.